10 de março de 2017
Ao povo, o que é do povo...
A água sempre corre para o mar...nem sempre. Neste dia histórico para milhares de nordestinos, em especial meus conterrâneos, não poderia deixar de fazer algumas ponderações a respeito da chegada da água do Rio São Francisco, Eixo Leste, em solo paraibano.
1º - Inegável que seja um divisor de águas, ou melhor, um multiplicador de vidas. Só quem sabe da importância da concretização da transposição é o povo sofrido e batalhador do Nordeste. Não tirando o mérito dos demais brasileiros, mas não é para qualquer um encarar anos de estiagem, sem ter água para matar a sede, andar léguas com rodilha e uma lata na cabeça, vendo o seu sustento se exaurir com o sol escaldante;
2º - No ponto mais polêmico, propago em bom tom que a obra definitivamente não tem pai. Um projeto que começou a ser discutido ainda no império de Dom Pedro I, e que desde o início de sua construção em 2007, passou pelas mãos de 3 presidentes e uma série de ministros não pode ser exclusivamente direcionado para um único genitor.
3º - Queridos conterrâneos, sejam lúcidos e parem de endeusar os políticos. Essa obra não caiu do céu, e foi custeada com muito suor extraído da alta carga tributária que vocês pagam dia após dia. Compare o São Francisco a compra de uma casa nova, na qual teve inúmeros transtornos para receber as chaves, com paralisações, adiamentos, desvios de recursos e inúmeros defeitos na execução da obra. Sim, ela começou com investimento previsto de R$ 4,8 bilhões, e hoje supera a casa dos R$ 11 bilhões. Ou seja, uma sucinta reflexão é o suficiente para perceber que o mestre de sua obra não merece de longe um pedestal, mas sim um processo na justiça seguido de xadrez. Detalhe que o prazo para a conclusão final da obra foi mais uma vez adiado, para 2018.
5º - Inaceitável ver um bando de engravatados se vangloriando com a obra, e não fazer nenhuma referência sequer ao Exército brasileiro, o qual teve e segue tendo papel determinante na execução de boa parte da obra. Fui testemunha ocular em 2009, e já dimensionava na época o quão ágil é a prestação dos serviços dos bravos soldados (Função esta indevida. A guarda nacional deveria sim acompanhar o andamento, contanto que os executores da obra fossem os presidiários – que sonho distante, e tema para outra oportunidade). Pesquise no pai Google, e perceba a diferença de comprometimento entre o Exército e as empreiteiras, ano-luz a frente.
4º – Muitos tem dúvida a respeito de um possível fim do rio. De acordo com especialistas do Ministério da Integração, o volume de água a ser usado é inferior a 1,4% do que o rio despeja no mar, o que não exime os governantes e a própria população de direcionar as atenções para a preservação do mesmo. Aliás, esse é o passo mais importante a partir de agora.
5º - Confesso que assim como a maioria dos brasileiros, tenho dúvidas quanto a destinação da água para a produção agrícola. A agricultura familiar terá vez ou os grandes latifúndios seguirão predominando?
6º - O racionamento deve acabar nos próximos dias para milhões de pessoas, mas não se esqueçam de que um dia a água pode faltar novamente em suas torneiras. Imploro, evite o desperdício.
Pedro Niácome
Foto: Divulgação
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Pedro como sempre muito lúcido.
ResponderExcluirObrigado Josecilia. Abraço!
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