28 de outubro de 2011


Operário da informação

Trago hoje um tema trivial entre os bastidores do jornalismo: a imparcialidade. Em meio à interferência de alguns sistemas midiáticos relacionados diretamente com a queda de ministros no governo federal, podemos levantar uma linha simples de raciocínio. Sempre naquela roda de conversa no final de tarde da sexta-feira com os amigos (o bar fica a critério de cada um) até que ponto você se posiciona imparcial ao contar as novidades da semana? Como você expõe as suas ideias? Se você disser que viu no dia anterior a entrevista do governador em cadeia estadual, o relato não passará de uma simples informação linear. No mesmo instante a sua mensagem gerará uma resposta automática opinativa, expondo de maneira direta o seu posicionamento, e claro, os lampejos de sua tendenciosidade.

Até aí nada de mais, aliás, se pararmos bem para pensar, dependemos e vivemos da parcialidade. O alimento predileto, o programa de TV mais simpatizante, o estilo musical e por aí vai. Sem contar que esses apreços são colocados na nossa cabeça pela própria “mídia imparcial”. Mas, no entanto, parece que a informalidade saciada por alguns jornalistas é muitas fezes confundida com o próprio profissional, e acaba acompanhando-o cotidianamente nas redações ou em outros setores de difusão. Deixar transparecer interesses pessoais num conteúdo é reduzir o jornalismo a falsas verdades. É quando começamos a perceber que a responsabilidade e a ética ficaram escanteadas nas cantinas universitárias. 

Existe um motivo para a maior parte dos paraibanos optarem por assinar o Correio ou o Jornal da Paraíba. E qual é esse motivo? O simples posicionamento do periódico. Seja na forma como os textos são escritos, nas matérias que abrangem e até mesmo em sua opção política de determinado colunista. A verdade explícita de quem já atuou na área sabe que os jornalistas de grandes veículos não têm liberdade total de escrita. Sem contar com a dependência do velho ‘toco’, ou mesmo ‘jabá’, variável com a nomenclatura de sua região. 

Você ainda tem dúvidas? Então procure compartilhar sua mídia social, ou mais especificamente o seu twitter com alguns jornalistas. Se o seu desejo é saber se Sicrano Torres veste laranja ou vermelho, é só seguir o mesmo. Quem comandou um protesto e invadiu o Palácio da Redenção no dia tal, basta acompanhar o microblog de Beltrano Ferreira. Isso sem falar nos conflitos infames derramados em 140 caracteres, comportamento típico de cabos eleitorais em época de eleição (como se não fossem). 

Não existe uma fórmula mágica que possa transformar uma pessoa normal em um formador de opinião da noite para o dia. É algo que vai além da prática, da técnica e do parâmetro teórico. Delimitar opinião é deixar o amadorismo de lado, cultivar a coerência e a honestidade. Difícil? É sim, quase que utópico, principalmente quando relacionado à imprensa local, onde a interferência política reina em quase todas às áreas. 


Considero e questiono: até que ponto o que julgamos saber, pensar e formar não passa de um mero reflexo das sombras alheias? Afinal de contas, essa é uma questão que todos precisam avaliar por si mesmo. Concorda?

Por Pedro Niácome

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